Como conheceste a Associação Salvador?

Quando terminei a minha licenciatura, participei num Encontro de Recrutamento, no Centro de Reabilitação de Alcoitão. Acabei por não ser selecionada por nenhuma empresa com as quais fiz entrevistas, mas, uns anos depois, ligaram-me para uma vaga na própria Associação Salvador, na área dos Eventos. Depois de algumas entrevistas, acabei por ser selecionada. Já passaram 3 anos.

Em que medida é que a Associação Salvador traz algo de positivo para a tua vida?

A Associação Salvador trouxe-me muitas coisas para além do trabalho. Eu sou uma pessoa de pessoas, por isso, faz todo o sentido trabalhar na área social. Aqui, encontro um objetivo, um propósito maior.

Na minha área em concreto, ver a felicidade na cara das pessoas durante um evento, faz-me ganhar o dia e esquecer os inúmeros contratempos que aconteceram até chegarmos ali. São momentos únicos, não apenas para os beneficiários, mas para toda a equipa. E, isso, não encontras em muitos sítios.

Como é que os Eventos da Associação Salvador se tiveram de adaptar à pandemia?

Os últimos dois anos foram de grande adaptação. Os eventos são um projeto que envolve uma grande proximidade, com a agravante de lidarmos com pessoas que, muitas delas, pertencem a grupos de risco e não as queremos pôr em situações potencialmente perigosas.

O online passou a ser uma nova realidade, com a qual tivemos de aprender a conviver, mas que acabou por trazer também coisas positivas, como o facto de conseguirmos chegar a mais pessoas, nas mais diferentes geografias que, até aqui, se viam impossibilitadas de participar nas nossas atividades, por estarem longe, por não terem forma de sair de casa ou de se deslocar, entre outras.

Para o futuro, esperamos encontrar um novo equilíbrio, entre o presencial e o digital, que nos permita manter esta rede importante de partilha e amizade e nos ajude a quebrar o isolamento que continua a ser uma realidade na vida de muitas pessoas com deficiência motora.

Como começou esta tua paixão pelos cavalos e como te tornaste atleta desta modalidade?

Comecei a montar num picadeiro perto de casa, por orientação médica e por curiosidade. Começou por ser apenas uma atividade de tempos livres. Até que fui incentivada por um tio a experimentar a modalidade desportiva de equitação adaptada. Quando dei por mim, já estava a participar em provas e a gostar realmente da componente competitiva.

Desde aí, nunca mais parei. Hoje, faço parte da equipa Portuguesa de Paradressage, tenho já algumas provas interessantes no meu currículo e estamos a trabalhar para o Mundial de 2022.

Qual o teu lema e objetivo de vida?

Como diz a Joana Gorgueira, quando lhe perguntamos se precisa de alguma coisa: “Preciso que sejas feliz!”. E acho que passa muito por aí, nas diferentes áreas da nossa vida, o importante é sermos felizes.

Que conselho darias a outras pessoas com deficiência?

Se têm um sonho, vão atrás dele, por mais difícil que seja. Porque vai ser, não vale a pena pensar que não, mas o importante é nunca desistir. Havemos de lá chegar!

E não é pelo resultado, mas pelo caminho. Tudo o que tu aprendes no caminho a que te propões é o que é mais gratificante e que te vai trazer mais ensinamentos. Claro que é importante focar-nos no objetivo final e trabalhar para ele, mas não pode ser tudo.

Sobretudo, é fundamental ter uma boa rede de suporte – bons amigos, família, pessoas que acreditam no nosso valor. Seja qual for a circunstância, ninguém chega a lado nenhum sozinho.