Salvador Mendes de Almeida tem sido, nos últimos dias, um visitante frequente do Hospital da Luz Lisboa. Mas com um propósito muito específico. “Já fiz 10 sessões e, entretanto, recomecei uma nova série de 10 sessões. Todos os dias, uma hora e 40 minutos. Mas tem valido a pena. Estou muito melhor. Finalmente, ao fim de muitos meses, vejo resultados”.

O fundador da Associação Salvador, cuja missão é promover a inclusão das pessoas com deficiência motora e melhorar a sua qualidade de vida, potenciando os seus talentos e sensibilizando para a igualdade de oportunidades, está a fazer tratamentos de medicina hiperbárica, na nova câmara do Hospital da Luz Lisboa. “E está a resolver os problemas que eu tinha”, assegura.

Uma “ferida mínima, que estava a ser muito difícil de passar“, foi a razão clínica que levou Salvador, tetraplégico há 27 anos, ao Hospital da Luz. Fez todo o percurso: consulta de medicina hiperbárica de avaliação da elegibilidade para estes tratamentos, exames prévios para assegurar as condições de saúde adequadas e, agora, vigilância posterior para aferir da necessidade de continuar os tratamentos.

“A câmara hiperbárica coloca-nos em condições semelhantes às de um mergulho no fundo do mar. Para quem já tinha praticado mergulho, é uma sensação semelhante…” recorda, acrescentando: “Ainda por cima, na câmara do Hospital da Luz, podemos estar sentados numa cadeira super confortável ou deitados numa maca. É excelente para pessoas como eu”. E conclui: “Está a correr muito bem. Sinto-me muito melhor. Até durmo melhor! Apesar de um certo cansaço, sinto que é um cansaço bom, saudável, porque sinto que está a revitalizar o meu sistema imunitário. E também notei que uma redução importante na espasticidade muscular, que é tão frequente em pessoas com lesões como a minha”.

O testemunho que Salvador Mendes de Almeida quis dar sobre esta sua experiência nos tratamentos hiperbáricos tem um objetivo: chamar a atenção das pessoas que se encontram na mesma condição clínica para as vantagens deste tipo de tratamento, existente no Hospital da Luz Lisboa desde o ano passado. “É que isto é muito útil para pessoas como eu. Quem tem problemas com feridas, esta solução é ótima”, reforça.

A médica responsável pelo serviço de Medicina Hiperbárica do Hospital da Luz Lisboa, Cláudia Febra, explica porquê.

“A câmara hiperbárica assegura que o Salvador respire 100% de oxigénio a uma pressão de 2.5 atmosferas. Nestas condições, o coeficiente de solubilidade do oxigénio nos tecidos aumenta 5 a 10 vezes, tornado disponível este gás para as células em sofrimento e que estão em enorme esforço de cicatrização”, adianta a médica. “Durante o tratamento, e até algumas horas depois, as células da pele inflamada da ferida do Salvador têm à sua disposição cerca de 5 a 10 vezes mais oxigénio para poderem trabalhar a um ritmo metabólico muito superior do que em condições atmosféricas normais. Em termos clínicos, isto traduz-se numa cicatrização mais rápida e eficaz”.

A Associação Salvador estabeleceu, entretanto, uma parceria com o Hospital da Luz, para que fossem asseguradas condições especiais de acesso à Medicina Hiperbárica a pessoas com deficiência motora. Isto para que “todos possam beneficiar destes tratamentos”, afirma Salvador Mendes de Almeida.

No âmbito deste protocolo, as sessões da câmara hiperbárica do Hospital da Luz passam a ter valores reduzidos para as pessoas que forem encaminhadas pela Associação Salvador, para o que terão de contactar previamente os seus serviços.

Para mais informações sobre a Medicina Hiperbárica, vá a https://www.hospitaldaluz.pt/pt/