Eduardo Jorge, um deficiente motor residente em Concavada, Abrantes, entrou às 11horas de ontem em Lisboa após ter percorrido mais de 150 quilómetros na sua cadeira de rodas como forma de reclamar o direito a uma vida independente.
O protesto entrou ontem na derradeira etapa, depois de uma viagem de três dias que terminou cerca das 13 horas à porta do Ministério da Segurança Social e que pretende alertar para uma alteração legislativa que permita às pessoas com deficiência, e com necessidade
de assistência, permanecer em casa, contratar o seu assistente e dispensar internamento em lares.
“Esta viagem em protesto tem sido muito dura, com algumas peripécias e algum receio inicial pelas condições atmosféricas e por circular em cadeira de rodas pelas estradas nacionais, de Concavada até Lisboa, mas as incógnitas não me demoveram de fazer este percurso porque de uma coisa eu estou certo: esta vida, para mim, não serve”, disse ontem Eduardo Jorge, em declarações pelo telefone à Lusa.
Com 52 anos, tetraplégico e activista do movimento nos.tetraplégicos, Eduardo disse que a finalidade da iniciativa é a de “chamar a atenção para os problemas dos deficientes motores e idosos” em Portugal e “dizer basta à institucionalização compulsiva por parte do Estado das pessoas com deficiência em lares de idosos, como única alternativa de vida”.
O ex-gerente comercial, licenciado recentemente em Serviço Social, foi vítima de um acidente de viação em 1991 que o deixou numa cadeira de rodas, tendo sido institucionalizado.
In Diário de Notícias em 26/09/2014