No passado dia 13 de abril, foi a primeira vez que a “Prancha dos Césares” provou o sabor da água salgada e se fez ao mar com o Salvador, cheio de coragem, a ser o primeiro a experimentar. Confira as fotos e o testemunho do Carlos Nogueira.
“Um sonho de há dois anos, quando um amigo tetraplégico me dizia que adorava ver as fotos das minhas aventuras e que já nem pedia para poder fazer o mesmo…, simplesmente desejava quebrar um jejum de 20 anos de banho de mar… Como é possível, não é?…
Esse jejum quebrou-se há dois anos e o César Lopes lá foi ao banho na Costa de Caparica, e o ano passado repetiu em Carcavelos.
É um gosto vê-lo dentro de água!
Após aquela conversa com o César, senti-me obrigado a encontrar uma solução que permitisse levá-lo, e aos outros “Césares” que por aí estão “escondidos”, a sentir a mesma sensação que eu sinto quando apanho uma onda.
Tinha a certeza que não precisava de inventar a roda, bastava-me pesquisar e certamente iria encontrar algo. E assim foi, descobri no Brasil um surfista Otaviano Taiu Bueno, tetraplégico por acidente, que tem uma prancha semelhante. Contactei-o e, de pronto, sem qualquer barreira ou fronteira (assim deveríamos ser todos), forneceu-me informações técnicas sobre a prancha e a cadeira. A partir, deste momento nasceu em mim a determinação para lutar por algo igual.
Como, felizmente, há gente que sabe que há mais mundo para além do seu umbigo, apareceram dois jovens, a Inês Major e o João Carvalho, que me apresentaram à Lufi Surf, que se prontificou de imediato a “shapar” a prancha dos Césares mas, ainda faltava material e a cadeira…, então falei do projeto ao meu amigo Salvador Mendes de Almeida que, sem reservas e através da Associação Salvador, de que é presidente, assumiu todas as despesas relativas à prancha. Contámos ainda com o apoio da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa e uma empresa Creative Factory que, de forma exemplar, se disponibilizou a executar a cadeira em fibra de vidro.
Um par de anos de luta que deram frutos no Domingo, 13 de abril de 2014, quando a prancha dos Césares entrou pela primeira vez na água com o Salvador em cima.
Outro projeto que a maioria desconhece e torna o SURF MESMO PARA TODOS, é o ONDAS PARA TODOS que Associação Salvador mantém, com a fabulosa colaboração da Surf Academia e dos seus monitores Augusto Fininho, Igor Cardina, Joana Ferreira e Inês Miguéis (e outros…) e com a Câmara Municipal de Cascais.
Para mim, fica a agradável sensação de ver um amigo sorrir, tal como eu, em cima das ondas e de que vale a pena sonhar e acreditar nas pessoas. Brevemente, vamos arrancar sorrisos ao César Lopes e aos outros Césares!
Aos que tornam possível afirmar que o SURF É PARA TODOS, obrigado! “
Carlos Nogueira