A app “+Acesso para Todos” foi lançada há um ano e, mesmo após as queixas de situações de falta de acessibilidades por todo o país terem duplicado, chegando, em maio de 2019, às 813 reclamações, muito pouco mudou. Para alertar para essa situação, a Associação Salvador entregou ontem, em mãos, ao Primeiro-ministro todas as reclamações recebidas para garantir que todos os queixosos são ouvidos. A entrega foi acompanhada de uma ação de sensibilização, em frente da Assembleia da República, que mobilizou não só os cidadãos com deficiência motora mas também a sociedade civil. Tratou-se de um treino de Crossability que juntou cerca de 60 pessoas, várias com deficiência, e contou com a participação dos deputados José Manuel Pureza e Jorge Falcato do Bloco de Esquerda e José Luís Ferreira do partido Os Verdes.
O Crossability: o treino mais duro de sempre é uma campanha de sensibilização cujo objetivo é demonstrar as dificuldades que uma pessoa em cadeira de rodas enfrenta todos os dias devido à falta de acessibilidades. É composto por exercícios que replicam obstáculos com os quais as pessoas em cadeira de rodas se deparam no dia-a-dia, como lanços de escadas, balcões de atendimento elevados, entre outros.
“A fiscalização não acontece. As exceções à lei são mais que muitas.Continuam a abrir novos espaços, públicos e privados, sem condições de acessibilidade. Estamos cansados.” – Salvador Mendes de Almeida
A Associação Salvador defende que pessoas com deficiência motora devem e merecem ter acesso a todo o tipo de locais. As entidades competentes têm de desempenhar as funções com que se comprometeram: fiscalizar, aplicar coimas, e sensibilizar. E isto começa com o Governo, que é o primeiro a não cumprir e tem o dever de defender todos os seus cidadãos, sem exceção, ao nível legislativo. As pessoas com deficiência motora continuam a ser tratadas como cidadãos de 2ª classe. Continuam a abrir novos espaços, públicos e privados, sem condições de acessibilidade. A fiscalização é nula e a maior parte destes edifícios são também exceções à lei, não sendo obrigados a estar adaptados.
A Associação Salvador está na linha da frente da defesa dos direitos das pessoas com deficiência motora, assegurado que as suas preocupações e dificuldades são ouvidas. No primeiro ano da app, dinamizou inúmeras ações de sensibilização por todo o território nacional, mas é necessário continuar a garantir que, em pleno século XXI, a população portuguesa vive num país que é de todos e para todos.
Fica a pergunta feita ao Sr. Primeiro-ministro: